Resumo
As reformas no acesso à universidade impactaram a sociedade cubana de várias maneiras desde 1959. Inicialmente, as políticas universalizaram e democratizaram o acesso às universidades cubanas, mas elas se tornaram cada vez mais elitistas entre 1985 e 2000. Diante das altas taxas de desemprego e de outros problemas sociais, o governo lançou uma nova reforma para abrir as universidades aos que antes eram excluídos.
Os efeitos dessa política de Universalização do Ensino Superior (2001-2010) ainda não foram totalmente estudados. Nesta fala, exploro etnograficamente alguns efeitos da universalização do ensino superior como uma política de acesso para pessoas que antes foram excluídas pelo sistema de acesso tradicional. Como essas pessoas vivenciaram sua formação universitária após serem excluídas? Que oportunidades elas tiveram como estudantes e profissionais? Como a formação mudou seu envolvimento social?
Abordo essas questões usando a abordagem da antropologia das políticas públicas (Shore e Wright, 1997) para estudar os efeitos dessa política de acesso em seus beneficiários. Esta pesquisa baseia-se no trabalho de campo realizado recientemente em uma província cubana periférica. Esta pesquisa visa preencher uma lacuna nos estudos etnográficos da política de ensino superior cubana. Os participantes nas entrevistas permitem compreender sua experiência e os significados que teve (e ainda tem) no seu desenvolvimento profissional.
A análise passa por entender que não houve uma única forma das pessoas se apropiarem da política, a mesma que criou oportunidades eles puderem fazer cursos superiores. Não obstante, descrebem resistências e contestacões e a aparicão de novas formas de marginalização, dificultando a ocupacão de trabalhos acorde à formação profissional.
